O ser psicanalista, nasce da capacidade de escutar não apenas o outro, mas a si mesmo primeiramente, a fim de acolher e trabalhar seus próprios conteúdos para que a análise de seu analisando, transcorra da melhor maneira possível. Ele é um ser sério, no sentido de levar a sério, um ser direto (as vezes), por saber que é assim que tem que ser e se importa com cada detalhe expresso pela pessoa que o solicitou, enquanto profissional, ou seja, um ser provido de ética e comprometimento. Todo conhecimento é pouco para um analista, assim como toda prudência e humildade também. Acredita-se que os analistas, mundialmente, são unânimes em reconhecer isso! Como afirma Lacan, o analista nada sabe do saber que lhe é suposto pelo seu analisando, mas isso não o exime de percorrer continuamente os mais variados saberes dos quais a teoria psicanalítica se nutre. Ao contrário, a posição de não saber ocupada pelo analista na direção do tratamento de seus pacientes só tem legitimidade, e pode produzir as consequências almejadas, quando é construída em uma referência ao saber. É o que Lacan nomeou de douta ignorância. Na clínica, o psicanalista possibilita que o analisando escute a si mesmo através da associação livre e quanto mais conteúdos expressos, maior a diminuição dos sintomas. Podemos dizer que a clínica é criação, lugar para superar resistência e ?dar nome? aos conteúdos, é um lugar também onde o analista, a cada sessão, se vê num verdadeiro laboratório, lidando com duas dimensões distintas e ambas imprescindíveis: uma em que o conhecimento teórico se mostra necessário e subjacente à prática em toda a sua extensão; e outra em que a experiência real com seus analisandos o conduz a desenvolver um savoir-faire atravessado por seu estilo, mas também comprometido com a marca do encontro singular que cada paciente produz, em suas diversas manifestações transferenciais, e exige como escuta e resposta analítica. Afinal, como cada análise é uma análise, tempo do inconsciente de cada um, faz com que não haja um modelo específico de atendimento com passo a passo ou ?receitas? prontas. Isso tanto em relação a tempo de sessão, que a perspectiva mais ?clássica? é de 45 a 60 minutos e há também as sessões mais curtas, onde se aplica o ?corte?, como na questão de quando o psicanalista considera adequado convidar o analisando para o divã, onde ele sai de cena e também em relação a números de sessões, fim de análise ou não, entre outras questões a serem consideradas. O que podemos pontuar de fato é sobre o que o analista faz, que é: Ele desconforta, interroga, silencia, devolve e pontua, tudo de acordo com a necessidade e tempo de cada um.