É no processo de análise que o sujeito começa a quebrar essa incidência do outro no eu, desconstruindo pouco a pouco, toda a introjeção ocorrida desde a infância e que agora, na fase adulta, quer saber o que faz e o que não faz sentido, para que possa encontrar o seu verdadeiro ?Eu?. Para Lacan, a introjeção diz respeito apenas aos significantes e ele a aborda no quadro das relações do sujeito com o outro por meio da dialética da alienação-separação e da identificação simbólica, o simbólico está atrelado a regras, posições, poder, cultura e limites. É papel do psicanalista ajudar o analisante a desconstruir essas introjeções e olhar para si. Na maioria das vezes, a pessoa procura um analista quando está se sentindo angustiada, provavelmente esta angústia, pode ser de um vazio existencial por estar vivendo um assujeitamento. Ela só começa a se sentir melhor, diminuindo o que está assujeitado para permitir que o sujeito que está em si, venha, e no decorrer das análises, começa a surgir o novo, seus próprios desejos, que supostamente estavam sufocados por insegurança, medo talvez, do que era visto como certo ou errado. É a partir daí que o sujeito que está em análise, começa a sair do estado de alienação, passa a ser capaz de olhar para si mesmo e deixar vir o que realmente importa a ele e o que lhe faça sentido de fato. Quando isso acontece, o sintoma diminui significativamente e é libertador para quem está vivendo esse processo de desalienação, onde agora eu sei o que quero, o que posso e qual a minha responsabilidade diante da minha própria história, da minha real existência, afinal a melhora do sintoma, muda toda a estrutura psíquica do sujeito. Olhar para si, escutar-se e interpretar essa escuta com a ajuda do analista, abre espaço para inúmeros significantes até chegar no real. O mais importante não é o significado, mas o significante e a partir do falar, permitir que outros significantes venham. Assim expressa o inconsciente, trazendo uma significação, e o analisando começa a dar conta dos seus significantes, a pensar sobre e como lidar com eles, e vem a liberdade para tomar suas próprias decisões.